domingo, 27 de maio de 2012

A Marcha das Vadias e a Mercantilização do corpo e vida das mulheres


Há um ano atrás a Marcha das Vadias foi construída como uma resposta irreverente contra a responsabilização das mulheres pelas violências sofridas e a estigmatização dos corpos femininos. Potencializada pela mobilização nas redes sociais, a Marcha ganhou vários países e, no Brasil, várias cidades. Algumas conseguiram dialogar com a conjuntura local e denunciar práticas de machismo naturalizadas, como por exemplo, a denúncia da prática machista de Rafinha Bastos na televisão e em sua casa de show em São Paulo.
Passado um ano dessa movimentação é preciso refletir tanto sobre as formas como o capitalismo e o patriarcado mercantilizam a vida e o corpo das mulheres, como os instrumentos de resistências aos quais dispomos. Essa segunda tarefa passa por perceber que, muitas vezes, a violência contra as mulheres precisa de uma resposta rápida e incisiva, como se deu com a Marcha das Vadias, mas que seu enfrentamento deve ser um processo cotidiano, que vai além de um evento.

terça-feira, 22 de maio de 2012

A BOA é acabar com o MACHISMO


Beijaço contra Homofobia - Palmas/TO

No último dia 21 de abril, durante o aniversário de uma boate em Palmas/TO, duas mulheres lésbicas foram agredidas por um grupo de homens. 

Pelo segundo ano consecutivo a festa denominada “B-Day da Bianco”, tem sido espaço de acontecimentos vergonhosos de cunho homofóbico e machista. Ano passado dois estudantes, entre eles uma mulher, foram violentamente agredidos durante a realização do evento pelas mesmas motivações. Tais acontecimentos, bem como sua reincidência, traduzem a negligência das autoridades responsáveis pelos Direitos Humanos, Cíveis e das Mulheres, da organização do evento e da própria boate. 

Em resposta, várias entidades do movimento LGBT e Feminista em parceria com a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Tocantins e população em geral, organizaram no último dia 11 de maio o “Beijaço Contra a Homofobia” em frente à boate. A manifestação expressou o repúdio à violência contra a mulher e ao ser humano, firmando na luta contra as opressões, a busca por igualdade, liberdade e respeito. A Mobilização ainda teve como objetivo reivindicar a aprovação da Lei nº 105/09 que tramita na Câmara de Vereadores de Palmas, que estipula sérias sanções aos estabelecimentos denunciados por cometer crimes homofóbicos e a implementação das delegacias de proteção à mulher, 24 horas. 

A intersecção do debate Feminista e LGBT perpassam por várias lutas. Entender a condição da mulher lésbica ou bissexual em sua situação de múltipla vulnerabilidade, por sofrer com a violência da lesbofobia, do machismo e ainda uma terceira carga se for negra, é compreender que nossa luta é por todas as mulheres, em sua pluralidade. 

A histórica luta das mulheres por autonomia e igualdade de direitos cíveis e sociais, firmados na busca por liberdade e respeito à sua identidade, ao seu corpo e a sua sexualidade converge na luta das mulheres lésbicas e bissexuais por seus direitos. Compreender a íntima relação da luta feminista, anticapitalista e antisexista na desconstrução dos moldes binários de gênero, heteronormativos e patriarcais é essencial no processo de libertação das mulheres.


Por: Gilmara Apolinário Reis estudante da UFT.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Mapa da violência contra a mulher mostra a realidade do país, diz Wellington Dias


Em pronunciamento nesta terça-feira (15), o senador Wellington Dias (PT-PI) chamou a atenção para o Mapa da Violência contra a Mulher 2012, que, conforme afirmou, mostra uma realidade cruel no Brasil, onde uma mulher é morta a cada duas horas.

O senador disse que ex-namorados, maridos e companheiros são os principais responsáveis pelas agressões contra as mulheres, muitas vezes cometidas no próprio ambiente doméstico.

De acordo com a pesquisa, divulgada pelo Ministério da Justiça, em um grupo de 87 países, o Brasil ficou em 7º lugar em número de agressões contra as mulheres, com 4.297 casos, ou 4,4 assassinatos em um grupo de 100 mil habitantes. De acordo com o senador, o Piauí foi o estado brasileiro com o menor número de agressões, com 2,6 casos para 100 mil habitantes. O mais violento é o Espírito Santo, com 9,4 homicídios para um grupo de 100 mil habitantes.

Em aparte, a senadora Ana Rita (PT-ES), manifestou apoio a Wellington Dias, e disse que as autoridades brasileiras devem se engajar para aplicar a legislação em defesa da mulher em toda a sua plenitude. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também afirmou que os dados da violência no país exigem medidas enérgicas e urgentes das autoridades.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Estudantes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia realizaram encontro sobre Feminismo





O ABRE-ALAS LILÁS será um encontro que dialoga com as MULHERES sobre as diversas bandeiras levantadas no FEMINISMO, como: os desafios para combater o machismo, a luta por uma educação não sexista, legalização do aborto, mais mulheres nos espaços de decisões e muito mais! Mulheres, é muito importante conhecer bem os assuntos que nos envolvem, para podermos debatê-los e juntas construir uma nova cultura política; pois é preciso "mudar a vida das mulheres para mudar o mundo e mudar o mundo para mudar a vida das mulheres". Homens dispostos e abertos ao diálogo também serão muito bem vindos no evento.
Faça sua inscrição mandando NOME e TELEFONE para o email kizombauesb@gmail.com


CPMI da Violência contra a Mulher se reúne, nesta 2ª feira, em Porto Alegre


Comissão pretende visitar os dez estados com maiores índices de violência contra a mulher e os quatro mais populosos do País
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a violência contra a mulher se reúne em Porto Alegre nesta segunda-feira (7/5), às 14h, na Assembleia Legislativa. A atividade será aberta à comunidade e tem como objetivo debater situações de violência contra a mulher e a aplicação da Lei Maria da Penha no Rio Grande do Sul.
Os trabalhos serão coordenados pela relatora da comissão, a senadora Ana Rita (PT-ES). Foram convidados, além dos deputados estaduais, o presidente do Tribunal de Justiça, Marcelo Bandeira Pereira; o procurador-geral de Justiça, Eduardo Lima Veiga; o defensor público geral do estado, Nilton Arnecke; o secretário de Segurança Pública, Aírton Michels; a secretária de Políticas para Mulheres, Márcia Santana; e o secretário de Saúde, Ciro Simoni.

47ª Mesa no Panamá agenda reunião de alto nível na Rio+20 sobre mulher e sustentabilidade


Encontro mundial paralelo à Rio+20 vira tópico especial na declaração final da 47ª Reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher, encerrada no dia 4 de maio

A 47ª Reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe, realizada nos dias 3 e 4 de maio na Cidade do Panamá e presidida pelo Brasil, destaca na sua declaração final o agendamento de uma reunião mundial de alto nível paralela à realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio + 20, para discutir e fazer avançar a relação entre mulher e sustentabilidade.
Aprovou-se que tal encontro ocorra no dia 21 de junho.
A declaração pede ainda aos países participantes da sessão (20) estreitar a relação entre os mecanismos de políticas para mulheres e os organismos competentes da sociedade em tecnologia da informação e desenvolvimento produtivo, com vistas à 12ª Conferência Regional sobre a Mulher, que acontecerá em 2013, na República Dominicana. Esta terá como tema central as tecnologias de informação e comunicação – TICs para o empoderamento de gênero.

sábado, 12 de maio de 2012

Movimento feminista se mobiliza contra a MP 557 que limita os direitos Sexuais e reprodutivos


A MP 557 deverá ser submetida à aprovação do Congresso Nacional, mas o consenso quanto à sua utilidade e pertinência está longe de ser conquistado. Em mais uma atividade de mobilização, nessa quinta-feira, 10/05, feministas de  diversas entidades de todo o Brasil se reuniram com o líder do Governo na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), a deputada Janete Rocha (PT-SP) e Carmen Zanotto (PPS-SC) e o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), para debater a MP 557/2011.
A medida, que foi reformulada depois do Fórum Social Mundial quando pessoalmente a Presidenta Dilma ouviu as críticas da sociedade civil, foi editada pelo governo em 26 de dezembro de 2011 sob a justificativa de auxiliar na redução da morte materna. A MP institui um cadastro nacional de informações sobre grávidas, cria uma bolsa gravides, e institui mecanismos de vigilância e direitos do nascituro. Na avaliação das feministas esta Medida Provisória significa  um retrocesso para o SUS. Mais uma vez, os recursos da atenção à saúde são desviados por motivo eleitoreiro para o financiamento da Bolsa Gestante. Além disso, compromete a integralidade que deve ser o princípio estruturante para as políticas de saúde destinadas às mulheres.

domingo, 6 de maio de 2012

Mulheres indígenas reivindicam saúde e políticas públicas diferenciadas


De 25 a 29 de abril, aconteceu na Aldeia Jaguapiru-Dourados, Mato Grosso do Sul, a Assembleia de Mulheres Indígenas, que reuniu cerca de 400 pessoas, entre mulheres indígenas

Documento final está abaixo. 
Fotos: Mariana Boujikian.
DOCUMENTO FINAL DA II KUNÃ ATY GUASU ALDEIA JAGUAPIRU- DOURADOS- MS
Nós, Mulheres Indígenas Guarani kaiowa e Ñandeva, com a participação de rezadeiras, parteiras, artesãs, agentes de saúde, professoras e demais lideranças de todas os Tekoha (aldeias) do cone sul do Estado do Mato Grosso do Sul, reunidas na II Kunã Aty Guasu – Grande Assembleia de Mulheres Indigenas, realizada na aldeia Jaguapiru – Dourados- MS, nos dias 25 a 29 de abril de 2012, manifestamos, denunciamos e reivindicamos SAÚDE E POLÍTICAS PUBLICAS PARA AS MULHERES INDIGENAS de nossos Tekoha.
Unidas a todos os povos indígenas do Brasil na grande Mobilização Nacional, manifestamos nosso repúdio com a aprovação da PEC 215. Queremos dizer a todos nossos parentes que estamos na mesma luta e não desistiremos de nossos TERRITÓRIOS TRADICIONAIS.
Nós, Mulheres Indígenas, viemos a público manifestar nossa indignação!
Vivemos hoje em nossas aldeias um quadro de violência e marginalidade. Nossas crianças sofrendo desnutrição; nossos jovens sem direito a uma educação diferenciada e de qualidade, sem perspectiva de vida e de futuro, condenados ao suicídio e às drogas; nossas mulheres sofrendo toda sorte de descaso na saúde, enfrentando por meses e anos as numéricas filas sem serem atendidas pela SESAI, sem resultados. Sofrendo toda sorte de discriminação, violência doméstica, desprezadas e esquecidas por nossas autoridades e instituições governamentais em estado de sucateamento e corrupção. Enquanto o agronegócio cresce e cresce, invadindo nossas terras. “Poluíram nossos rios, destruíram nossas matas, nossa farmácia e nossa saúde. Destruiram nossa cultura, nosso tekoha, nossa vida e nossa dignidade, deixando nossas mulheres a mercê das rodovias, dos acampamentos e pequenas áreas, insuficientes para nossa sustentabilidade.”
Além disso, somos nós, mulheres, que mais sofremos as conseqüências dessa estrutura injusta que gera violência e morte em nossas famílias e nossos Tekoha.
Nós, Mulheres Indígenas, queremos de volta nossos direitos!
Exigimos:
1. A urgente identificação e demarcação de nossas terras, como condição para diminuir a fome, a dependência e violência em nossos Tekoha. Reforçamos as propostas assumidas no documento da Aty Guasu de Jaguapire nos dias 29 de fevereiro a 04 de março.
2. Garantia de participação das mulheres e do Conselho do Aty Kunã nas instancias de controle social, bem como na concepção, construção e implementação de programas e ações governamentais voltados para nossos Tekoha.
3. O reconhecimento, fortalecimento de nossas práticas tradicionais, seja medicinal, religiosa, cultural e de produção alimentar voltadas para autonomia e auto afirmação de nossos Tekoha.

  

Segurança para as Mulheres em nossas aldeias e acampamentos

4. A Delegacia da Mulher funcione por período integral, inclusive aos finais de semana e feriado e atendimento diferenciado, respeitando a diversidade da língua e da cultura da mulher indígena.
5. Criação e implementação de um centro de atendimento para a mulher indígena na aldeia Jaguapiru-Dourados.
6. Sejam efetivadas e reforçadas os programas de segurança dentro das aldeias com especial atenção a mulher indígena, garantido o plantão de atendimento à noite e finais de semana.
7. Sejam implementadas e efetivadas políticas específicas e diferenciadas bem como a promoção de programas de prevenção e combate a violência e descriminação contra a mulher indígena.
8. Sejam criados, implementados e efetivados programas de capacitação de servidores (as) públicos (as) em gênero, cultura e direitos humanos, de forma a garantir o direito à diversidade de língua e cultura das mulheres indígenas.
Saúde diferenciada e de qualidade e para a mulher indígena
9. Que haja melhoria da qualidade de atendimento à população indígena em geral e em particular à mulher indígena. Que a SESAI assume sua responsabilidade e que o atendimento chegue às bases com qualidade e agilidade. “Estamos cansadas e ver nossas companheiras morrendo nas filas dos postos de saúde!”
10. Sejam criados, implementados e efetivados programas de capacitação em gênero, língua e direitos humanos aos agentes e demais profissionais da saúde de forma a garantir um atendimento humanizado e diferenciado às mulheres indígenas.
11. Sejam estabelecidos postos de saúde nos acampamentos tendo assegurados sua estrutura de recursos humanos, material e saneamento básico.
12. Implantação e implementação de mecanismos adequados de efetivo monitoramento e avaliação dos impactos ambientais dos projetos de monocultura e uso indiscriminado de agrotóxicos que atingem diretamente nossas aldeias causando intoxicações, envenenamentos e mortes.
13. O acesso à água de qualidade é um direito humano básico. Garantir o acesso à água de qualidade e em quantidade suficiente em nossas aldeias (atenção especial à aldeia Bororó- Dourados).
14. Criação de CAP’s, CREAS, CRAS e Posto de Saúde na aldeia Jaguapiru- Dourados, de modo a responder à demanda.
15. Que a SESAI planeje a compra de ambulância para os postos de saúde que atenda as aldeias em tempo integral.
Sustentabilidade e Segurança Alimentar
16. Garantir a implementação e efetivação de Políticas Públicas de Incentivo à produção sustentável de alimentos e outros gêneros necessários à nossa reprodução física e cultural, respeitando a diversidade de modos de produção tradicional em diálogo com outros saberes ecologicamente sustentáveis.
17. Garantir a recuperação das áreas degradadas, matas ciliares e implementar medidas compensatórias e indenizatórias pelos danos causados aos nossos territórios tradicionais.
18. Implementar programas que fomentem o uso livre e autônomo das sementes crioulas ou tradicionais e que favoreçam a multiplicação de experiências como casas de sementes, bancos de sementes e outras desenvolvidas pelas comunidades indígenas.
19. Que sejam priorizadas e garantidas programas de sustentabilidade e produção de alimentos nas áreas retomadas.
Considerando que as proposições acima são parte de nossos direitos constitucionais, solicitamos às autoridades competentes a garantia de sua implementação como reparação dos processos históricos de exclusão, violência e discriminação contra nosso povo.
Reafirmamos nossa disposição de consolidar nossa organização e articulação do Movimento de Mulheres Kaiowá Guarani e Ñandeva, somando com nossos companheiros na luta pela nossa terra e garantia de nossos direitos, construindo um país plural, mais justo e solidário.
Aldeia Jaguapiru – Dourados, 28 de Abril de 2012

Via: Viomundo